Eu pessoalmente quando cozinho não estou a pensar como será o produto final, apenas me deixo levar pela onda de sabores e olfatos que me conduzem ao mundo da imaginação e do improviso. Se dissermos a várias pessoas que confeccionem um mesmo prato, por exemplo, um simples arroz de marisco, no final dessa experiência, a mais óbvia conclusão seria que todos os pratos preparados eram de algum modo distintos. Cada um é um só e o que cada um fará será também único. Será a cozinha um fenómeno que poderia ser estudado pela psicologia? claro que sim... o que me leva a afirmar isto é o facto de que todos os que cozinham têm e experienciam diferentes sensações, cada um obtém prazer desta arte de uma forma relativa e pessoal. Daí a que, na minha opinião, cada um de nós consiga extrair de cada alimento um sabor que mais ninguém consegue, por mais próximos que estejam terão sempre um toque pessoal. Mas voltando à essência do que me trouxe aqui, a cozinha, no sentido objectivo é o palco de todos nós, que dia após dia temos a coragem de o pisar cada vez com mais vincualtividade e certeza  e no sentido subjectivo é o que se poderia considerar, o inexplicável, mas podemos tentar a adjectivá-la como a arte da magia da criação, através da qual cada um consegue criar uma panóplia de situações relativas e subjacentes a si mesmo.

  

  Posso afirmar que a cozinha é das artes mais complexas e é em primeiro lugar essencial para a vida humana. Para além de nos manter vivos, dá-nos a oportunidade de sermos criativos. O que no seu início era uma coisa bastante básica tornou-se, com a sua vastidão e plenitude, em algo muito mais denso e considerado por muitos superior.

  Assim concluo que é quando entro para a cozinha e sei que vou criar algo único e novo que me sinto mais satisfeito e cheio de prazer. Uma das coisas que também me dá mais agrado é cozinhar para outras pessoas, porque posso apreciar as reacções faciais ao sabor que cada um deles está a sentir, mas isto é outra conversa que poderia durar infinitamente.